sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ELEIÇÃO DO GRÊMIO ESTUDANTIL do CEM

GECA - Grêmio Estudantil Castro Alves

30 de novembro

Turnos: Matutino, Vespertino e Noturno

Chapa OS REVOLUCIONÁRIOS

Presidente: Luana Márcia Maciolle
2A Noturno

Vice-presidente: Bruna Bello Fruscalso
2A Matutino

Secretário-Geral: Lucas Vinícius Santin
2A Matutino

1ª secretária: Maria Carolina Fontana Zanetti
2A Noturno

Tesoureira-geral: Gabriela Baggio
2A Matutino

1º tesoureiro: Alyson Antonelli
2B Vespertino

Diretora Social: Suéllen Cristina Montagna
2A Matutino

Diretora de Imprensa: Tainá Ângela Scolari
2A Matutino

Diretor de Esportes: Jian Roberto Kovalski
1B Vespertino

Diretora de Cultura: Denise Pauczinski
2A Matutino

Diretora de Saúde e Meio Ambiente: Laís Arieli Klein
2A Noturna

Conselho Fiscal - Efetivos
Lucas Emanuel Mariott Ghizzi
2A - Vespertino

Bruna Rebeschini
2A Noturno

Katiuce Werlang
2B Werlang

Suplentes
Josiele Cassiane de Oliveira
2A Noturno

Juliana Sutil de Oliveira
1B Vespertino

Nadiéli Bottega
1B Vespertino

Estamos torcendo por vocês!

VENCEDORES DA OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA

MARMELEIRO -PR
Colégio Estadual de Marmeleiro
LUIZ OTÁVIO DE QUADROS
3ªA Matutino - Ensino Médio
Medalha de Prata

MENÇÃO HONROSA
EVERTON LEANDRO CAMARGO MENDES
7ªA,Matutino, 8º ano - Ensino Fundamental

Colégio Estadual Telmo Octávio Muller
Medalha de Bronze
OTÁVIO AUGUSTO SPOLTI BALDISSERA
7ªA Matutino, 8º ano Matutino

MENÇÃO HONROSA
CAROLINE MARIA SALINI
6ªA, 7º ano - Matutino - Ensino Fundamental

Parabéns, alunos!
Parabéns, professores!
Estamos orgulhosos de vocês.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

20 DE NOVEMBRO

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A Lei 10.639/2003, que estabelece o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nos sistemas de ensino, foi uma das primeiras leis assinadas pelo presidente Lula.Isto significa o reconhecimento do necessário combate ao preconceito, ao racismo e à discriminação.Durante esse debate foi aprovada a Lei 11.645/2008, que dá a mesma orientação quanto à temática indígena. Ambas as leis são mais que um instrumento de orientação quanto à discriminação. São leis afirmativas, pois reconhecem a escola como lugar da formação de pessoas, espaço ideal para a valorização das diversas matrizes culturais que fizeram do Brasil o país rico, múltiplo e plural que somos.
A Lei 10.639 previu no calendário escolar o dia 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra". E o Conselho Estadual de Educação do Paraná foi além. Através da Deliberação CEE-PR 04/2006, entendeu que esta data deve ser um momento de culminância das atividades desenvolvidas ao lngo do ano letivo.Portanto, este dia deve ser o ponto de chegada da reflexão acumulada na escola. O 20 de novembro não pode ser visto apenas como mais uma data, mas como um marco no processo de implementação da lei.
Com esse entendimento, a Deliberação do CEE(Conselho Estadual da Educação) determina a constituição das Equipes Multidisciplinares, de caráter permanente, para dar suporte aos educadores/as nas práticas escolares para a Educação das Relações Etnicorraciais.
No Colégio Estadual de Marmeleiro os professores, equipe pedagógica, direção e funcionários estão se organizando para compor a Equipe Multidisciplinar da escola.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quincas Borba - Machado de Assis

Machado de Assis,afirmou "o livro anda devagar" e "o meu estilo" é "como os ébrios (bêbados), guinam à direita e à esquerda, andam e param...". E é mais ou menos assim que anda a narrativa de Quincas Borba.
O romance realista, de 1891, conta a vida de Rubião, um pacato professor de Barbacena, que se torna rico da noite para o dia ao receber uma herança deixada pelo filósofo Quincas Borba, criador de uma filosofia chamada Humanitismo. Rubião é nomeado herdeiro universal do filósofo sob a condição de cuidar de seu cachorro, Quincas Borba, com o mesmo nome do dono.
Rubião passa a viver no luxo da Corte do Rio de Janeiro, num ambiente a que não estava acostumado e que muito o deslumbra. Torna-se amigo de um casal, Cristiano Palha e Sofia. Ele se apaixona por Sofia. O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-lo perante o objeto de desejo. Sofia recusa seu amor, mesmo tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para Cristiano. Apesar de sua indignação, o capitalista continua a relacionar-se com Rubião, pois queria obter os restos da fortuna que ainda existia.
Palha faz uma proposta empolgante a Rubião: investir seu dinheiro na área de exportação. Empolgado com a esperança de multiplicar seu dinheiro, Rubião acaba caindo na armadilha do casal, que lhe dizem que outro negociador de "fora" os passou para trás e ficou com o dinheiro do investimento.
O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a despertar a loucura em Rubião. Já muito afetado pela doença, e de volta à sua cidade natal, relembra parte de uma explicação que lhe foi dada por Quincas Borba, e que habitou muito sua mente nos primeiros momentos quando soube que herdara toda fortuna do citado filósofo, diz: "Ao vencedor, as batatas".
Retoma-se, então, o Humanitismo. Que teoria é essa? É uma visão irônica das filosofias as quais pregam que a humanidade feita de uma só essência. A teoria dos Humanitas nasce em oposição ao Humanismo. Nesta, o homem é o centro de tudo e há uma total valorização dele. No Humanitismo aparece o pensamento pessimista e absurdo. O homem não aparece como um ser maravilhoso e perfeito, mas cheio de falsidades, em que um cão pode ser mais amigo e fiel do que o ser humano. A seguir, trechos do capítulo V ilustrando a relação de Quincas Borba, o filósofo, com seu cão Quincas Borba:
“— Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda parte, existe também no cão, e este pode ser assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano... O cão ouvindo, correu a cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba:
— Meu pobre amigo! meu bom amigo! meu único amigo!”
O homem, para o Humanitismo, não significa nada; é falso, instável e fraco. Podemos notar isto nas personagens machadianas. Na luta pela sobrevivência quem vence é o mais forte, e não quem tem mais caráter. No trecho abaixo, do capítulo VI, a explicação da teoria:
“— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas chegam apenas para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e irá à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
Depois da morte de Quincas Borba, Rubião sente-se dono das batatas. É um vencedor. As batatas, para ele, representavam riqueza, posição social. Não sabia ele que, na realidade, representavam, simplesmente, meras batatas. Não tinham valor algum. Seriam, apenas, o veículo de sua destruição. E ele que até então não entendera a exposição do filósofo, passa a compreender a fórmula:
— "Ao vencedor, as batatas!"
Tão simples! Tão claro! Olhou para as calças de brim surrado e notou que até há pouco foi, por assim dizer, um exterminado, um bolha; mas que ora não, era um vencedor. Não havia dúvida; as batatas fizeram-se para a tribo que elimina a outra para transpor a montanha e ir às batatas do outro lado. Justamente o seu caso. Ia descer de Barbacena para arrancar e comer as batatas da capital. Cumpria-lhe ser duro e implacável, era poderoso e forte. E levantando-se de golpe, alvoroçado, ergueu os braços exclamando:
— "Ao vencedor, as batatas!"(Cap. XVIII)
A loucura de Rubião o levou à morte e foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a tese do humanitismo.

Clarice Pessoa, graduada em Letras, professora da rede pública.
http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=1440045097268725573&postID=2215643021066899155-acesso: 12/11/10

Penélope

Conto
Dalton Trevisan

Na rua de casas iguais morava, há muitos anos, um casal de velhos. Ela o esperava, costurando na cadeira de embalo da varanda e, quando ele vinha pela rua, com um pacote no braço, descia, de chinelos, os dois degraus da varanda e lhe sorria, com o portão aberto. Cruzavam o pequeno jardim e, apenas na porta, por causa dos vizinhos, mas ainda antes de entrar, ela lhe erguia a cabeça, sem nenhum fio branco, e ele a beijava na testa. Estavam sempre juntos, lidando no seu quintal, ele com as couves, ela com sua coleção de cactos. Quando deixavam aberta a porta da cozinha, os vizinhos podiam ver que ele enxugava a louça para a mulher. E, aos sábados, saíam para o seu passeio diante das vitrinas, ela, gorda, ainda bonita, de olhos azuis e ele, magro, baixo, de preto. Nas noites de verão, ela usava vestidos brancos, de pernas nuas, ele não, sempre de preto. Havia um mistério na vida deles, que nenhum vizinho conhecia. Sabia-se vagamente que os filhos tinham morrido num desastre, há muitos anos. O casal de velhos abandonou tudo, casa, túmulos, bichos e se mudara para aquela cidade, naquela rua. Eram os dois, sem cão, gato, passarinho, nem mesmo galinhas. Tinham medo de se afeiçoar a qualquer coisa. Algumas vezes, na ausência do marido, ela trazia ossos para os cães vagabundos que cheiravam o portão. Quando engordavam uma galinha, a mulher se enternecia por ela e não tinha coragem de matá-la. Então, o velho desmanchou o galinheiro e, no seu lugar, plantou uns pés de couve. Arrancou a única roseira que crescia num canto do jardim; nem a uma rosa se atreviam a dar os seus restos de amor.
Afora a viagem, que faziam uma vez por ano para visitar o túmulo dos filhos, não saíam de casa, o velho fumando seu cachimbo, a velha trançando as agulhas de tricô, a não ser no seu clássico passeio dos sábados. E foi num sábado que, ao abrir a porta, eles acharam a seus pés, uma carta. Era estranho, porque ninguém lhes escrevia, os dois sozinhos no mundo, e confabularam antes de se decidir a abri-la. Era um envelope azul, sem qualquer endereço. A mulher propôs rasgá-lo, sem ler. Já tinham sofrido demais. Ele respondeu que ninguém podia mais fazer-lhes mal. Não queimou a carta, não se apressou de abri-la, deixou-a sobre a mesa. Sentaram-se um diante do outro, sob o abajur azul da sala, ela com seu tricô, ele com seu jornal. Às vezes, ela curvava a cabeça, mordendo uma agulha na boca e com a outra contando os pontos. Quando cbegava ao fim, tinha de contar a linha de novo: pensava na carta sobre a mesa. O homem lia com o jornal dobrado, no joelho, e leu duas vezes cada linha para entendê-la: pensava na carta sobre a mesa. O seu cachimbo apagou, não o acendeu, os olhos parados na mesma notícia, ouvindo apenas o seco bater das agulhas entre os dedos da mulher. Então, pegou a carta e abriu-a. Achou um pedaço de papel dobrado, com duas palavras: cOrNo MaNsO, escritas com grandes letras recortadas de jornal. Nada mais, data ou assinatura. Entregou o papel à mulher que, depois de ler, o olhou. Nenhum falou. A mulher se ergueu, segurando a carta na ponta dos dedos. Onde é que você vai? o homem perguntou. Queimar... ela respondeu. Não, ele disse. Dobrou o papel dentro do envelope azul e guardou-o no bolso. Juntou para a mulher a toalhinha que tinha caído no chão e continuou a ler o jornal e em cada linha, aquela noite, leu as duas palavras da carta.
Não estava mais certo de que ninguém podia fazer-lhes mal. Antes da mulher se erguer e guardar a cestinha com os fios e as agulhas, segurou-lhe a mão para consolá-la: aposto, minha velha, disse, que a mesma carta foi jogada sob a porta de todas as casas da rua. As vozes das sereias cantam ainda no coração dos velhos? Nem mesmo um pobre casal de velhos estava a salvo. Haviam-lhes tirado os filhos, os bichos, a cidade. Agora, queriam separá-los um do outro.
O homem esqueceu a carta no bolso e passou-se outra semana. No sábado, de volta do seu passeio, antes de abrir a porta, sabia que ela estava ali, azul sobre o capacho. A mulher pisou na carta, fingindo que não a via. Ele a juntou e guardou no bolso. Quase no fim do serão, sem erguer a cabeça da toalhinha, contando sempre a mesma linha, ela perguntou: você não vai ler a sua carta? Olhava-a, fingindo que lia o jornal, admirando-lhe a bela cabeça, sem nenhum cabelo branco, os olhos que, apesar dos anos, eram azuis como no primeiro dia. Eu já sei o que diz, ele respondeu. Então por que não a queima? É um jogo, minha velha, disse, mostrando o envelope azul entre os dedos: nenhum sobrescrito e fechado. Rasgou-o numa ponta e tirou o papel dobrado: duas palavras, as mesmas, nas letras recortadas de jornal. Soprou o envelope, sacudiu-o sobre o tapete, mais nada. A mulher tricoteava, como se não visse a carta. Ele a guardou no bolso, com a outra e continuou a ler em cada linha do jornal aquelas duas palavras. Ela não lhe perguntou, como se soubesse. Tinha o rosto oculto pela sombra do abajur. O homem reparou que ela desmanchava um ponto errado na toalhinha. Eram os dedos que tricoteavam ou as mãos que tremiam?
Ele acordou com dor de cabeça, no meio da noite, levantou-se da cama e foi beber água no filtro. Afastou a cortina e, na rua deserta, viu na sombra dum muro, o vulto daquele homem. Ficou ali, com a mão crispada na cortina, até o homem ir-se embora. Deitou-se, de costas para a mulher, (sabia que estava acordada e de olhos abertos para ele), imaginando quem seria o homem na sombra do muro. E pensou, pela primeira vez, se a carta não podia ser para ele mesmo.
De manhã, esqueceu a ideia e, deitado na cama, observava de olhos meio fechados a mulher, que se vestia para ir às compras. Diante do guarda-roupa, ela escolhia um vestido. Os seus vestidos brancos a deixavam mais gorda. Esperou-o para tomarem café juntos, como todas as manhãs e, quando ela fechou a porta, foi olhá-la pela janela. Era ela mesma, a sua mulher. O homem se sentiu envergonhado e fechou os olhos, dizendo: minha velha, me perdoe... Quando os abriu, notou que a mulher olhava para a janela, ainda que não pudesse vê-lo, atrás da cortina. Por que olhara a janela? Para dar-lhe adeus, se ele ali estivesse ou para saber se desconfiava dela?
No sábado seguinte, quis propor-lhe ficarem em casa, de luzes apagadas e surpreenderem o autor das cartas. Ao vê-la tão alegre, porque iam passear, não teve coragem e saíram. Durante o passeio pensou o tempo todo se era apenas ele que recebia as cartas. Não podia abordar um dos vizinhos no portão e perguntar-lhe aquilo. As casas da rua, de aluguel, eram todas iguais. Podia ser engano, o envelope não tinha endereço. Se, ao menos citasse nomes, horas, lugares... Quando abriu a porta, lá estava ela: a carta azul. Desta vez, não a leu diante da mulher. Guardou-a no bolso, junto com as outras e pôs-se a ler o seu jornal, sob o abajur. Quando virava as páginas, surpreendia o rosto da mulher debruçado sobre as agulhas. Era uma toalhinha difícil, porque há meses trabalhava nela. Como se lesse no jornal, ele lhe contou a história de Penélope, que desfazia de noite, à luz das velas, as linhas trançadas durante o dia, para ganhar tempo dos seus pretendentes, esperando a volta do senhor seu marido. Pela primeira vez, pensou se Penélope não teria enganado ao marido ausente. Para quem era a mortalha que ela bordava? Teria continuado a trançar suas agulhas após a volta de Ulisses? Homero não fala. Nem a mulher, que não perguntou sobre a carta.

ANÁLISE DO CONTO
Conta a lenda grega que durante a ausência do marido, Penélope – esposa de Ulisses e mãe de Telêmaco - foi pedida em casamento por diversos pretendentes, prometendo escolher um deles logo que concluísse a peça de bordado que estava tecendo. Acontece que todas as noites ela desfazia o trabalho realizado durante o dia, adiando dessa maneira, indefinidamente, a decisão que os candidatos à sua mão aguardavam ansiosos. E se assim procedia era porque, quando seu esposo partiu para a guerra de Tróia, confiou-lhe a guarda do reino da Ítaca, pedindo-lhe que caso não retornasse, ela não se casasse enquanto Telêmaco fosse jovem.
É com base nessa lenda que Dalton Trevisan escreve o conto “Penélope”, incluso na obra “Novelas nada exemplares”. O enredo gira em torno de um casal de idosos que tem sua vida rotineira abalada por uma série de cartas anônimas que resultam no ciúme paranóico do marido e no suicídio da mulher. O texto é uma intertextualidade com a personagem Penélope, não só pelo nome do conto e da personagem, mas, sobretudo, pela simbologia da fiação. O autor vale-se do mito de Penélope para reinventar a história por meio da inversão irônica e criando uma nova situação condizente com os rumos da sociedade e do homem moderno.
Apesar de Trevisan mostrar o lado funesto e inseguro do ser humano, o autor o faz de uma maneira sutil, pois ele não aponta, não culpa e nem defende o marido por seu ciúme doentio, ele limita-se a apresentá-lo. A apresentação “sem juízo de valor” do drama do marido chega ao leitor pela voz de um narrador onisciente, que penetra na consciência da personagem de tal modo que, em certos momentos, não fica evidente se é a voz do narrador ou o pensamento do marido: “Sábado seguinte, durante o passeio, lhe ocorre: só ele recebe a carta? Pode ser engano, não tem direção. Ao menos citasse nome, data, um lugar.”
A narrativa apresenta o processo de construção do ciúme que vai do fluxo de consciência e da imaginação do marido aos acontecimentos concretos: a série de cartas anônimas deixadas na porta do casal, todos os sábados, enquanto seguiam para o passeio costumeiro. Entre a evidência das cartas e a incerteza da traição, o narrador acompanha o conflito do marido e penetra em seu inconsciente afetado pelo ciúme, mas deixa a mulher numa redoma de mistério.
Os pensamentos de Penélope não são conhecidos já que não é narrado o ponto de vista da mulher. Na maioria das vezes, ela aparece tricotando, com poucas falas durante o enredo. São os ciúmes do marido que indagam as atitudes da esposa: “Voltando as folhas, surpreendia o rosto debruçado sobre as agulhas. Toalhinha difícil, trabalhada havia meses. Recordou a lenda de Penélope, que desfazia de noite, à luz do archote, as linhas acabadas durante o dia e, à espera do marido, assim ganhava tempo de seus pretendentes. Calou-se no meio da história: ao marido ausente enganara Penélope? Para quem a mortalha que trançava? Continuou a estalar as agulhas após o regresso de Ulisses?”

O conto é análogo à lenda pelas associações entre as duas personagens que se chamam Penélope e igualmente aparecem relacionadas às fiandeiras, mas se distanciam pela oposição crucial entre vida e morte. Se no mito o que está em jogo é o amor que leva à vida conjugal, no conto é a morte e a desconfiança que provoca a fatal separação do casal.
O ato de fiar representa um eterno retorno pelo processo de tecer e desfazer o trabalho começado e interminável. A escolha de Penélope por desfazer à noite o que fez durante o dia garante-lhe tempo para fabricar suas próprias defesas contra o destino imposto pelos outros. Também no conto, Penélope é uma tecelã e decide o momento em que o trabalho ficará pronto em que cortará os fios que a prendem à vida, determinando a ocasião de sua morte.
Porém, ao contrário do mito, Penélope não suporta a longa espera, o tempo em que o marido “retornaria” a si, superando o ciúme e reconhecendo sua fidelidade. Antes, decide por fim ao drama, sendo senhora de seu destino ao cortar os fios que a ligam à vida, embora ainda dê um tempo ao marido, pelo processo de fazer e desfazer a toalhinha. Ao fazer isso, ela torna-se uma espécie de fiandeira que tece, mede e corta seu destino. E é por ser uma fiandeira que ela embaralha a vida do marido, pois ele estará condenado ao remorso e à culpa pelo suicídio da esposa, já que as cartas prosseguem após a morte dela: “‘Fui justo’, repetia, ‘fui justo’ –, com mão firme girou a chave. Abriu a porta, pisou na carta e, sentando-se na poltrona, lia o jornal em voz alta para não ouvir os gritos do silêncio.”

Assim como no mito, Penélope tece/borda uma toalhinha, fazendo e desfazendo pontos, num trabalho que exige tempo e paciência. Contudo, se no mito, ao bordar a peça “interminável” Penélope perpetua o amor ao marido que está longe, no conto, Penélope tece, perto do marido, a mortalha para si mesma e da separação eterna: “Entrou na sala, viu a toalhinha na mesa – a toalhinha de tricô. Penélope havia concluído a obra, era a própria mortalha que tecia”.
O conto de Dalton Trevisan faz uma inversão, resgatando e se afastando da lenda grega, ao propor um mito às avessas, em que se observa, em vez da fortaleza conjugal, a fragilidade dos laços matrimoniais e do ser humano.

Claudiana Soerensen
http://clau-carpeomnium.blogspot.com/2009/06/penelope-tece-propria-morte.htm
Acesso: 11/11/10

Obras literárias VESTIBULAR 2011

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Lucíola (José de Alencar); Quincas Borba (Machada de Assis); Antologia Poética (Carlos Drummond de Andrade); Memorial de Maria Moura (Rachel de Queiroz); Os Tambores Silenciosos (Josué Guimarães); e os contos “Desenredo” (João Guimarães Rosa); “Venha ver o pôr do sol” (Ligia Fagundes Telles); “Penélope” (Dalton Trevisan); “Feliz Aniversário” (Clarice Lispector) e “Teresa” (Rubem Fonseca).

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Dos dez livros, três são novidades: "Anjo Negro", de Nelson Rodrigues, "Inocência", de Visconde de Taunay (Alfredo d´Escragnolle Taunay), e "Urupês", de Monteiro Lobato. Os três substituíram os livros "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida, "Como e por que sou Romancista", de José de Alencar, e "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna.

As outras sete obras permanecem: "Dom Casmurro", de Machado de Assis, "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector, "Leão de Chácara", de João Antônio, "Muitas Vozes", de Ferreira Gullar, "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meirelles, e "São Bernardo", de Graciliano Ramos.

PARA A PROVA ESPECÍFICA DE FILOSOFIA
- Discurso do Método [Trad. Bento Prado Jr.] - René Descartes
- A República: Livro X [Trad. Elza Moreira Marcelina] - Platão
- “Einstein e a crise da razão”. In: Signos - Martins Fontes
- Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens - Jean Jacques Rousseau.

(UTFPR)Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Adota o Exame Nacional do Ensino Médio como única forma de ingresso.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA(UEL)

Marília de Dirceu (Tomás Antonio Gonzaga)
Inocência (Visconde de Taunay)
Esaú e Jacó (Machado de Assis)
Sonetos (Florbela Espanca)
Estrela da Vida Inteira (Manuel Bandeira)
Vestido de Noiva (Nelson Rodrigues)
Toda Poesia (Ferreira Gullar)
Levantando do Chão (José Saramago)
Morangos Mofados (Caio Fernando Abreu)
Ponciá Vicêncio (Conceição Evaristo)
2011
Poesias Selecionadas - Gregório de Matos
♦ Espumas Flutuantes - Castro Alves
♦ O Bom-Crioulo - Adolfo Caminha
♦ A Capital Federal - Artur Azevedo
♦ A Confissão de Lúcio - Mario de Sá-Carneiro
♦ Contos Gauchescos - João Simões Lopes Neto
♦ Falso Mar, Falso Mundo - Raquel de Queiroz (retirada)
♦ A Teus Pés - Ana Cristina César
♦ Cidade de Deus - Paulo Lins
♦ O Outro Pé da Sereia - Mia Couto

Universidade Estadual de Maringá

♦ Contos Novos - Mário de Andrade
♦ Dom Casmurro - Machado de Assis
♦ Melhores poemas - Cláudio Manuel da Costa
♦ Melhores poemas - Manuel Bandeira
♦ O calor das coisas - Nélida Piñon
♦ O cobrador - Rubem Fonseca
♦ Poesia e prosa completas - Gonçalves Dias
♦ Senhora - José de Alencar
♦ Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

PUC-PR
Pontifícia Universidade Católica do Paraná

♦ Inocência - Visconde de Taunay (Alfredo d´Escragnolle Taunay)
♦ Dom Casmurro - Machado de Assis
♦ São Bernardo - Graciliano Ramos
♦ Contos de Belazarte - Mario de Andrade
♦ Muitas Vozes - Ferreira Gullar

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

♦ O Uruguai - Basílio da Gama
♦ Lucíola - José de Alencar
♦ Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
♦ O Caso da Vara, Pai contra Mãe, Capítulo dos Chapéus - Contos de Machado de Assis
♦ Mestre, Meu Mestre Querido!; Ao Volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra; Grandes São os Desertos, e Tudo é Deserto; Lisboa com suas Casas; Todas as Cartas de Amor São; Ode Triunfal; Lisbon Revisited (1923); Tabacaria; Aniversário; Poema em linha reta - Poemas de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa.
♦ O primo Basílio - Eça de Queirós
♦ Estrela da vida inteira - Manuel Bandeira
♦ Porteira Fechada - Cyro Martins
♦ Manuelzão e Miguilim (Campo Geral e Uma estória de amor) - Guimarães Rosa
♦ O Pagador de Promessas - Dias Gomes
♦ Feliz Ano Novo - Rubens Fonseca
♦ O Filho Eterno - Cristóvão Tezza

Universidade Federal de Santa Maria

Prova Seletiva 1
♦ Os cronistas do Descobrimento
♦ Marília de Dirceu - Thomás Antônio Gonzaga

Prova Seletiva 2
♦ A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo
♦ Memórias de um sargento de milícias - Manuel Antônio de Almeida
♦ O cortiço - Aluísio de Azevedo
♦ O Guarani - José de Alencar
♦ Luzia homem - Domingos José Olímpio
♦ Dom Casmurro - Machado de Assis
♦ A Cartomante - Machado de Assis
♦ A missa do galo - Machado de Assis
♦ Noite de almirante - Machado de Assis
♦ O Alienista - Machado de Assis

Prova Seletiva 3
♦ Libertinagem e Estrela da Manhã - Manuel Bandeira
♦ A rosa do povo - Carlos Drummond de Andrade
♦ Antologia Poética - Vinícius de Moraes
♦ Primeiras estórias - Guimarães Rosa
♦ O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna
♦ O Continente (vol. 1) - Érico Veríssimo
♦ Tambores Silenciosos - Josué Guimarães
♦ Relato de um certo oriente - Milton Hatoum
♦ Melhores poemas - Murilo Mendes
♦ Melhores poemas - Mário Quintana
♦ Vôo da madrugada - Sérgio Sant'Anna
♦ Feliz Ano Novo - Rubem Fonseca
♦ Laços de Família - Clarice Lispector

Universidade Federal de Santa Catarina

♦ Primeiras Estórias - Guimarães Rosa
♦ Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto
♦ O pagador de promessas - Dias Gomes
♦ O filho eterno - Cristovão Tezza
♦ Iracema - José de Alencar
♦ Vidas Secas - Graciliano Ramos
♦ O guarda-roupa alemão - Lausimar Laus
♦ Comédias para se ler na escola - Luís Fernando Veríssimo

Referêcias
http://www.vestibular.brasilescola.com/blog/obras-literarias-para-2011.htm
acessado em 11/11/2010

Murais na escola II












Murais na escola








sábado, 6 de novembro de 2010

ENEM, ENEM, ENEM

ESTAREMOS TORCENDO POR VOCÊ, HOJE E AMANHÃ.
FRENTE AOS PROBLEMAS OBSERVADOS NA PROVA DE HOJE,
PEDIMOS O MÁXIMO DE ATENÇÃO!
BEIJOS
Profª Marina