segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Escola Pública frente as Avaliações do MEC

Artigo

Profª Marina

Ao ler as palavras, "Nota mais alta não é educação", no blog Coordenadores Pedagógicos blogados na rede, de Silvana Marmo, entrevista com Diane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA, satisfiz um pouco meu ego, já machucado de tanta preocupação.
Desde que surgiram as avaliações - Prova Brasil, ENEM, etc., como forma de avaliar o que e como ensinamos os alunos do Ensino Fundamental e Médio, a escola, se me permitem dizer, centrou-se em dois itens:
1. Aumentar a média - para mostrar que tal escola é de qualidade, pois obteve a maior média, no Município, Estado e até do Brasil - é prioridade.
Simulados, estudo de questões dos anos anteriores, revisões, adaptação do conteúdo para desenvolver as competências exigidas pelo ENEM(no Paraná, o currículo das escolas estaduais não é por competência), mas nessa hora..., professores lançam mão de todos os subsídios.
Enfim, é o trabalho dele que também está em cheque. Às vezes, até se esquecem que é preciso apenas ensinar e ensinar bem. A pressão é muito grande!
Nos municípios, (após os resultados), então, é anúncio em jornais, entrevistas em rádios, anúncios para cursinhos e respectiva matrícula na escola doirada.
No Sudoeste do Paraná - as maiores médias do ENEM, são de X cursinhos e escolas particulares. Após vem as escolas públicas. Entretanto, algumas notas de certos colégios particulares não têm muita diferença daquelas dos colégios públicos.
Quando lí essas palavras no artigo(reportagem) "Nota mais alta não é educação", vários itens despertaram minha a atenção, mas destaco - "A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação".
E ainda:
"Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações.
Confronte o que destaquei do artigo/reportagem em negrito com a seguinte afirmação: "Irineu, do Águia, o segundo melhor colégio da região, de Francisco Beltrão, que fez 614,85 espera que a adaptação dos professores e alunos ao estilo da prova renda melhores frutos. "Conhecemos melhor o Enem e esperamos repetir a boa colocação em 2010, melhorando a nossa média", diz".(Entrevista ao Jornal de Beltrão,22.07.10). Em contrapartida,no sudoeste do Paraná "a melhor média de colégios públicos estaduais ficou com o Colégio Estadual Dr. Mário de Freitas, de Barracão, que somou 555,69 que justifica " O colégio se sente satisfeito, pois essa nota é o resultado de um trabalho em conjunto. Quero salientar que o mesmo vem de um objetivo proposto pela direção - Elisângela Fiorenza e Marlise Poletto, juntamente com professores, equipe pedagógica, funcionários e com os próprios alunos", comenta Gislene Lúcia Barzotto, pedagoga do Colégio Estadual Dr. Mário de Freitas. Ela acrescenta que o trabalho sério, focado na educação, consegue dar esse ganho de qualidade para a instituição".(publicado no mesmo jornal e data).

2. Estamos a mercê das avaliações. A escola não pode ser mal avaliada. Uns se preocupam demais com a nota recebida. Afinal como não fazê-lo? Qual escola gosta de receber uma má nota no desempenho de seus alunos? Se eles têm nota baixa, é baixa a avaliação dos professores e da instituição como um todo. Receber "a pior média entre ..." é muito doído e certamente desacredita quem quer que trabalhe na instituição, infelizmente!
Saliento ainda para completar minhas análises, as palavras de Daiane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA:
"As melhores escolas têm alunos que nasceram em famílias que apoiam e estimulam a educação. Isso já ajuda muito a escola e o estudante. Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido, em todas as disciplinas ensinadas, leitura, matemática, ciências, história, artes. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes. Qualquer ênfase exagerada em processos de responsabilização é danosa para a educação. Isso leva apenas a um esforço grande em ensinar a responder testes, a diminuir as exigências e outras maneiras de melhorar a nota dos estudantes sem, necessariamente, melhorar a educação".
Na escola pública, poucas são as famílias que apoiam e estimulam a educação dos filhos. As diferenças são gritantes. Porém, a escola pública é publica porque acredita que faz a diferença.
Portanto, não queremos apenas treinar os alunos para uma avaliação do MEC. Estamos buscando formas de ensinar e ensinar bem, pois dessa forma acreditamos ser possível atingirmos nossas metas e as médias que provam que somos escolas de qualidade.
Leia:
http://www.jornaldebeltrao.com.br/conteudo/noticia.asp?id=54089

Desempenho de todos os colégios da região Sudoeste

Particulares

Colégio Cidade Nota Obtida
Águia Francisco Beltrão 614,85
Glória Francisco Beltrão 609,66
Real Realeza 606,44
N. Sra das Graças Pato Branco 605,52
Mater Dei Pato Branco 595,08
Águia Pato Branco 570,37
Sesi Pato Branco 581,85
Regina Mundi Dois Vizinhos 588,02
Três Corações Ampere 584,33
Unisep Dois Vizinhos 572,79
Alliança Francisco Beltrão 563,03
Bom Jesus Palmas 556,73

Públicos

UTFPR Pato Branco 667,14
C. E. Mário de Freitas Barracão 555,69
C. E. Hercílio Camargo Palmas 551,49
C. E. Irmão Cirilo Capanema 549,02
C. E. Mario de Andrade Francisco Beltrão 547,84
C. E. Henrique Vicenzi Vitorino 542,04
C. E. Dois Vizinhos Dois Vizinhos 540,47
C. E. Flor da Serra Realeza 533,91
C. E. Padre Réus Pérola D'Oeste 533,86
C. E. Maria Margarida Salto do Lontra 533,61
C. E. Boa Esperança Boa Esperança do Iguaçu 533,56
C. E. João XXIII Clevelândia 531,82
C. E. La Salle Pato Branco 531,01
C. E. Suplicy Francisco Beltrão 530,26
C. E. Tancredo Neves São João 530,03
C. E. Leonardo da Vinci Dois Vizinhos 529,97
C. E. Rocha Pombo Capanema 529,96
C. E. Industrial Francisco Beltrão 529,64
Colégio Agrícola Francisco Beltrão 528,80
C. E. Guilherme de Almeida Santa Izabel 526,88
C. E. Castelo Branco Bom Sucesso do Sul 522,60
C. E. João Zacco Planalto 521,70
C. E. Dr Paranhos São Jorge D'Oeste 521,10
C. E. Nestor de Castro Sulina 520,87
C. E. Doze de Novembro Realeza 519,69
C. E. P. Arthur Costa e Silva Mariópolis 519,52
C. E. Reinaldo Sass Francisco Beltrão 519,40
C. E. José de Anchieta São Jorge D'Oeste 518,94
C. E. Agostinho Pereira Pato Branco 516,48
C. E. Nova Esperança Nova Esperança do Sudoeste 516,09
C. E. Projeto Rondon Honório Serpa 515,15
C. E. Castro Alves Pato Branco 514,93
C. E. Santa Inês Chopinzinho 514,25
C. E. José de Alencar Nova Prata 514,09
C. E. Marmeleiro Marmeleiro 512,49
C. E. José de Anchieta Dois Vizinhos 511,80
C. E. José de Anchieta Planalto 511,20
C. E. São Luis São João 511,16
C. E. Tancredo Neves Francisco Beltrão 510,01
C. E. São Cristóvão Manfrinópolis 509,95
C. E. Castelo Branco Itapejara D'Oeste 509,70
C. E. Barão do Rio Branco Flor da Serra 509,40
C. E. Dom Carlos Palmas 508,22
C. E. Arnaldo Busato Cruzeiro do Iguaçu 508,20
C. E. Pato Branco Pato Branco 507,11
C. E. Cecília Meireles Ampere 505,56
C. E. Humberto de Campos Santo Antônio 504,84
C. E. Ponciano Araújo Palmas 503,40
C. E. José Armin Matte Chopinzinho 501,94
C. E. Monteiro Lobato Dois Vizinhos 500,29
C. E. Bom Jesus Bom Jesus do Sul 500,04
C. E. Castro Alves Eneas Marques 498,55
C. E. Paulo Freire Francisco Beltrão 498,04
C. E. Analdo Busato Verê 497,96
C. E. Julio Giongo Pranchita 497,64
C. E. Leo Flach Francisco Beltrão 497,31
C. E. Hercilia F. Nascimento Mangueirinha 496,38
C. E. Padre Anchieta Salgado Filho 495,28
C. E. Arnaldo Busato Coronel Vivida 494,96
C. E. Sebastião Paraná Palmas 493,90
C. E. Santo Antão Bela Vista da Caroba 492,98
C. E. Renascença Renascença 492,51
C. E. Duque de Caxias Saudade do Iguaçu 491,10
C. E. São Miguel Francisco Beltrão 490,22
C. E. São Roque Pato Branco 488,55
C. E. São Francisco Dois Vizinhos 484,62
C. E. Tancredo Neves Coronel Vivida 479,33
C. E. Prof. Assis Brasil Clevelândia 476,65
C. E. Arnaldo Busato Francisco Beltrão 471,30
C. E. Castelo Branco Clevelândia 470,93
C. E. Cely T. Grezzana Chopinzinho 469,08
C. E. Bom Jesus Marmeleiro 468,01
C. E. São João Bosco Pato Branco 463,31
C. E. Carlos Gomes Pato Branco 461,98
C. E. Nova Visão Chopinzinho 461,46
C. E. Santa Catarina Coronel Domingos Soares 454,69
C. E. Castelo Branco Coronel Vivida 436,10
C. E. Presidente Vargas Pinhal de São Bento 426,74

Particular x pública

Com exceção da UTFPR, a disparidade entre o ensino público e particular é muito grande. A pior média entre as instituições particulares foi do Colégio Bom Jesus, de Palmas, que alcançou a nota 556,73 enquanto a melhor média de colégios públicos estaduais ficou com o Colégio Estadual Dr. Mário de Freitas, de Barracão, que somou 555,69.
"O colégio se sente satisfeito, pois essa nota é o resultado de um trabalho em conjunto. Quero salientar que o mesmo vem de um objetivo proposto pela direção - Elisângela Fiorenza e Marlise Poletto, juntamente com professores, equipe pedagógica, funcionários e com os próprios alunos", comenta Gislene Lúcia Barzotto, pedagoga do Colégio Estadual Dr. Mário de Freitas. Ela acrescenta que o trabalho sério, focado na educação, consegue dar esse ganho de qualidade para a instituição.
O segundo melhor colégio da região foi o Águia, de Francisco Beltrão, que fez 614,85 pontos. "O resultado mostra que o investimento que estamos fazendo em Francisco Beltrão está dando resultados. Estamos buscando preparar nossos alunos cada vez melhor e vemos que estamos no caminho certo", diz o diretor da instituição Irineu Ferraz.
O Colégio Nossa Senhora da Glória, também de Beltrão, ficou com a terceira colocação no Sudoeste - com 609,66 pontos. Mesmo assim, o coordenador esperava um desempenho um pouco melhor. "Esperávamos mais pelo trabalho que vem sendo feito. Estamos tentando fazer os alunos se adequarem ao Enem, que exige mais raciocínio e menos 'decoreba'", relata o coordenador do ensino médio Leri Ivar Danschi Júnior.
Na terceira colocação entre os colégios particulares - quarto melhor desempenho regional - aparece o Colégio Real, de Realeza. "No ano passado, fomos os primeiros e conseguir mais uma vez uma boa colocação é sempre motivo para comemorar", conta a diretora Eva da Silva Chicanowski.
Segundo ela, os alunos são preparados para estar sempre em primeiro lugar. "Nossa escola tem bastantes dificuldades por estar numa cidade menor, mas temos profissionais muito bons e sempre buscamos trabalhar com carinho e amor, trazendo muitas novidades e informações para nossos alunos o que gera esse bom resultado."


Fonte: Jornal de Beltrão, 22 de julho de 2010.
Acessado: 02.08.10

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