Artigo
Profª
Marina Niceia Cunha
Língua Portuguesa
Pedagoga
“A avaliação escolar tem
se configurado nas escolas como uma prática de exclusão, classificação e
controle, utilizando-se de uma prática pedagógica polarizada com provas e
testes, os quais identificam apenas o conhecimento que o aluno já possui, não
se preocupando com as possibilidades do que esse pode aprender através da
mediação do professor”.
Constata-se que muitas
vezes o insucesso do aluno em fazer tarefas ou provas, atribui-se à falta de
conhecimento de princípios envolvidos na operação, ou, ainda, a uma baixa
inteligência que impede a compreensão desses princípios. O que é ignorado na
maioria dos casos é que a deficiência pode residir não no nível operacional ou
em um conteúdo específico do processo de pensamento da criança, mas nas funções
cognitivas que formam a base na qual se apoia uma performance bem sucedida e
que alicerçam as operações cognitivas.
A ideia de avaliar para
medir mudanças comportamentais e a aprendizagem, portanto, para quantificar
resultados, encontra-se apoiada na racionalidade instrumental
preconizada pelo Positivismo. Concepções sobre Avaliação. Mary
Stela Ferreira Chueiri. Psicóloga Escolar.
Para Feuerstein, “de
maneira semelhante ao que preconiza Vygotsky, o processo de avaliação deve ter
como objetivo desvendar o potencial de aprendizagem do sujeito e não apenas
identificar que conhecimento já possui naquele momento determinado”. Feuerstein
et al. 1993.
Acredita-se que apesar
de estudos sobre avaliação, provavelmente, não se saiba avaliar de acordo com
as teorias, na concepção de professores, porque as teorias nem sempre são
subsídios para a prática. A realidade das escolas suplantam as teorias. Mesmo
porque os que escrevem as teorias não as aplicam nas escolas juntamente com os
professores.
Debatem-se, por isso,
constantemente, nos cursos de aperfeiçoamento, reuniões pedagógicas e conselhos
de classe como realizar uma avaliação que não seja classificatória e excluente,
embora a atribuição de notas persista na escola para “medir” o conhecimento do
aluno, desde a Idade Média.
Entra nesse contexto a
avaliação formativa onde a “atribuição de notas não é um problema porque essa
avaliação não ocupa lugar - trata-se de um parâmetro, decorrência do
processo.” Elisabete, Avaliar o tempo todo. Nova Escola, p.33.
A avaliação processual,
isto é, contínua “permite acompanhar a construção do conhecimento, identificar
eventuais problemas e dificuldades e corrigi-los antes de avançar”. Isso “ajuda
a interpretar o que a turma aprendeu ou, não, e, assim, intervir, mudando as
estratégias”. Jussara Hoffmann, Avaliar o tempo todo, Nova Escola,
p.33.Por outro lado, esse tipo de avaliação é difícil para certos
professores devido a várias causas: falta de preparo para uma avaliação
diferenciada, persistência nas avaliações tradicionais, as mais comuns,
perguntas e respostas, questões de completar, assinalar certo ou errado; cópia
e cola de exercícios dos manuais didáticos ou sites da internet, questões
descontextualizadas e mal elaboradas, sem relação com objetivos planejados,
falta de conhecimento para avaliar os objetivos do conteúdo, resistência às
novas propostas de avaliação, etc.
O mais difícil na
escola é quando o professor utiliza esse tipo de prova como instrumento de
poder e deixa para o aluno a responsabilidade pelo resultado. Ainda bem que não é regra na maioria
das escolas.
No Plano
de Trabalho Docente, todavia, elaboram-se a princípio, objetivos para que se
possa avaliar e “verificar” se o aluno os atingiu durante o percurso através de
diferentes instrumentos. E planeja-se a recuperação(direito do aluno), sob
vários critérios.
Afirma-se, ainda
que, os objetivos nem sempre podem ser avaliados e recuperados, pois cada aluno
está numa etapa da aprendizagem. E a duração proposta pelo calendário, isto é,
o tempo que lhe é dado para se atribuir uma nota, não condiz com o tempo de
aprendizagem do discente.
Este é um motivo
importante que requer a avaliação contínua para que a exclusão não comece com
os instrumentos mais utilizados em sala de aula: provas.
Enfim, a
aprendizagem do aluno pode estar aliada a vários fatores onde os mesmos podem
ser influenciados por diversos fatores, uns de responsabilidade do professor –
domínio do conteúdo, metodologia e instrumentos. Outros, “fogem” de sua
alçada: não comparecimento às aulas, “desleixo” e pouca vontade de aprender.
Tais questões contribuem para a dificuldade de avaliar também de forma
processual. São entraves que a escola deve superar de acordo com sua realidade
porque a avaliação é um processo que interessa a todos. É um processo coletivo
entre professor, conhecimento e sujeito do conhecimento.
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