sábado, 31 de maio de 2014

Nada mais vale a pena?


Crônica

            Perdoe-me, poeta, do “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena,”  Fernando Pessoa.
            Ensinei minha alma não se tornar pequena, e, acredito que, outras, se abraçaram na mesma comunhão, sonhadoramente, comigo, neste mundo controverso e conturbado.
            Caóticas são nossas incertezas, por que será? Por que nos decepcionamos na busca de sentidos para resolver nossas indagações e crenças?
Oscar Wilde afirma: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. Será que esse é o medo? Apenas existir?
 E viver, quantos conseguem realmente?
Perco-me na angústia quando vejo as almas confabulando para a venda dos bens sagrados – os valores: o sonho, a dignidade, a verdade, a cidadania, a família, a educação, o amor.
 Nesses tempos tumultuados e de corrupção, despudoramento, malandragens, falcatruas, e tantos eteceteras, não se sabe mais se é a questão do “Ser ou não Ser, eis a questão”?(original em inglês: To be or not to be, that's the question). Peça: (A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare). http://pt.wikipedia.org. Abraço-me a Shakespeare num choro silencioso. Quero decifrar essa questão e não consigo.
 O que sei é pouco.  E esse pouco é muito porque sou capaz de enxergar a morte dos ideais que nos assoberba.  E nela vejo muitas vezes os sonhos de tantas pessoas mergulharem nas profundezas dos seres insanos, incapazes de destronar indubitavelmente os males e a gravidade que lhes ferra os sentidos diariamente.
Que pena! Será que nada mais vale à pena? Devemos nos submeter as asperezas daqueles privilegiados que extorquem a liberdade e produzem os delinquentes?
Recuso-me a acreditar que isto seja verdade em face da beleza que ainda mora no meu coração, nas crenças e aprendizagens, que sempre estiveram comigo. Luto com todas as fibras que arrebatam o mais profundo da minh’alma, do meu “Eu”, da minha solidão, que me deixa, às vezes, alheia, e, não compreendida porque preciso entender o que não quero para mim e o ambiente de aprendizagem em que estou inserida.
Mesmo assim, a escola é minha casa de desafio.  E acredito que venceremos o descrédito, a deseducação, o descaso, a incompetência que nos são atribuídas, com professores competentes que buscam na leitura e pesquisa soluções para resolver as dificuldades de aprendizagem e ambientação escolar – planejando as aulas, discutindo ações e aprendizagens com alunos e colegas de forma interdisciplinar, interagindo de forma positiva. E que tenham, além de conhecimentos, o senso de amor e compreensão para as situações apresentadas diariamente na sala de aula.
Além disso, é necessário suplantar a postura que reforça a lógica que nos transforma em mártires desvalidos e sofredores em vista das circunstâncias: sociais, filosóficas, financeiras, etc.
Compreendem-se as dificuldades de muitos para ensinar para “um mundo melhor”, diante da perversão do que nos apresentam como suposta causa para ser defendida: ensinar que “Pensar dá muito trabalho”. “Estudar, mais ainda” “Aprender sobre a realidade exige esforço e tempo, coisas mais raras no mundo moderno.” Rodrigo Constantino. Esquerda caviar. p. 49.
E, assim quando miro nos olhos dos adolescentes e dos jovens(rebeldes ou não) que olham para mim, ou, até daqueles que permanecem de olhos cabisbaixos para receber elogios, ou, quiçá, a reprimenda – penso que gostaria de ser muito maluca a ponto de gritar algumas verdades(não, apenas, para eles). Contudo, é comum as pessoas fugirem de suas responsabilidades porque a realidade é tão difusa que não é possível pagar o preço. Mas isto me custa horas de sono e de estudos para entender a sociedade e o país que vivemos onde a alienação é constante em nome da democracia. Nela os alunos estão inseridos com seu olhar inconformista causando polêmica e debate em busca da soberania que lhes foi prometida.  Outros, na frivolidade e arrogância,  divertem-se na banalidade e pouco caso, sentindo-se menos responsáveis por seus próprios atos perante toda e qualquer regra que venha preservar os bons costumes e valores apregoados na sociedade das minorias. O importante é se sentir diferente. Embora poucos saibam o que isto significa.
  Há pouco espaço para a geração ”nem isto, nem aquilo” livrar-se do esnobismo e colocar sua arrogância muitas vezes acuada, evitando o serviço da carnificina, dos cárceres, das acusações, do descrédito, da falta de amor. Existe pouco espaço para a escola compreender tal geração.

 Enfim, pretendo nunca esquecer “dos homens de carne e osso” – os alunos com os quais convivo diariamente, principalmente dos mais desvalidos. Que o mundo é um lugar cada vez mais complexo e que a escola ainda vale a pena, apesar de todos os problemas vivenciados diariamente.  Caso contrário, não me teria tornado professora há 47 anos. Ademais estou sempre disposta a aprender e mudar minha forma de ver o mundo.

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