terça-feira, 10 de março de 2009

Turma que dá dor de cabeça ao professor.

O que fazer diante de uma turma de alunos desatenta e bagunceira?

"Sentimo-nos mal quando não conseguimos desenvolver a aula de uma maneira digna.
A disciplina é, ao mesmo tempo, uma arte e um desafio que exige cumplicidade entre professores e alunos. Só assim você poderá tocá-los com as suas palavras.
Eu diria que neste processo não existe um disciplinador e alguém a ser disciplinado, mas pessoas que compreendam o valor do conhecimento e respeitem a necessária ordem para que a aula possa ter um bom andamento.
Para estabelecer uma boa relação com a classe é preciso ter credibilidade e uma das formas de fazer isto é quando você mesmo se dedica à questão da autodisciplina.
Dentro de nós existe uma criança que se relaciona bem ou mal com o adulto e muitas vezes este diálogo interior não é nada exemplar, como é o caso de pessoas que fumam ou que têm outro tipo de compulsão.
Você sabe que o seu hábito lhe faz mal, mas não consegue ter o autodomínio necessário para mudar. Assim sendo, quando se tenta estabelecer a ordem fora de si, em um processo educacional, é bem capaz que suas palavras sugiram a disciplina, mas sua expressão corporal, seu olhar e a entonação de sua voz comuniquem outra coisa. Ou seja, você não está inteiro e falha como agente disciplinador e isto é percebido por seus interlocutores.
A cumplicidade que tanto queremos e precisamos só será obtida caso você esteja sinceramente trabalhando no seu próprio autodomínio. Para se obter um consenso sobre a importância da ordem na sala de aula é preciso estabelecer um bom vínculo com os seus alunos.
Como vimos, o primeiro passo é a integridade com que você se coloca. Outro, é o afeto e a emoção envolvidos em sua comunicação.
Você pode e deve brincar fazer um contato com bom humor, interessar-se pela vida de cada um dos alunos, “inventar” moda, criar um roteiro interessante de aula, buscar a participação constante e ativa dos jovens. Isso o coloca mais empático e próximo deles.
Mas, é fundamental que em outros momentos, você saiba chamá-los à consciência da necessidade da disciplina. Por exemplo, se um aluno está falando, dando o seu depoimento é fundamental que os outros prestem atenção, afinal de contas, todos nós aprendemos uns com os outros e não faz sentido faltar com o respeito, deixando uma pessoa falando sozinha.
Outro ponto muito importante é saber a diferença entre uma comunicação tradicionalmente vertical e um sistema democrático que usa a circulação das informações.
No ensino convencional, o conceito é que o professor ensina e o aluno aprende; em um ensino mais democrático trabalhamos as questões que vêm dos próprios alunos. Neste sentido quando você cria uma estrutura de aula, deve estar pronto para alterá-la conforme as necessidades do aqui - agora, atento à demanda do principal interessado na questão: aquele que está aprendendo.
Mas, só é possível adotar esta perspectiva de todos aprenderem com todos, quando temos claro o respeito nas relações. Aliás, respeito e consideração são tudo o que estamos precisando para construir um mundo diferente e melhor do que este que estamos vivendo e, portanto a reeducação das relações se faz hoje tão importante”.

Sergio Savian.

Um comentário:

  1. Nem sempre é tão fácil e simples ensinar segundo o modelo que e apresentado aos professores. Esses métodos do professor ter que compreender os alunos, ter que se dedicar mais à preparação de aulas são na maioria das vezes irrelevantes, porque quando os levamos para realidade vemos que não é tão simples assim, além de que os professores tem suas vidas pessoais e tem que dividir o seu tempo com muitas outras coisas.
    Para que aja melhoramento na maneira de ensinar, tem que em primeiro lugar a estrutura das escolas ser boa, o suficiente, para que todos tenham mais liberdade, tanto o corpo docente e discente, e também serem oferecidos materiais para facilitar as aulas de quem ensina, o que não é a realidade de muitas escolas, principalmente as públicas.
    Parabéns pelo artigo, porque ele ensina o passo que o professor tem que dar, mas lembrando que a responsabilidade não está somente sobre o professor.

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