quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dalton Trevisan

O ANÃO E A NINFETA.

Coleção de contos entremeados com poemas.
Destaco o poema sobre Maria Bueno, heroína cultuada e beatificada em Curitiba por ser assassinada violentamente por um considerado soldado no ano de 1893.
"Na província Curitiba
é morta Maria
da Conceição Bueno
em 29 de janeiro
do ano de 1893".

tadinha de Maria!
pequenino lume vagante
tão cedo apagado

rapariga leviana
adora galanteio
no baile conhece
o guapo Inácio José Diniz
anspeçada do Exército
com ele vai morar
na noite fatídica de Maria
uma grande festa acontece
Inácio de serviço no quartel
Maria disposta a bailar
famosa entre os valsistas

com dengues mil
cantando alegre
ao espelho se pinta
não sabe a infeliz
toda se enfeita
para o tango do adeus
(...)
" Inácio se ajoelha e chora
matei o meu grande amor
duas vezes mortinho eu
sem honra nem bandeira
anspeçada já não sou"
(...)

" milhares de velas acesas
tantas placas de gratidão
quantas preces atendidas
milagres reconhecidos
pelo povo proclamada santa
a única santinha do Brasil!"

O poema narra os conflitos de Inácio por Maria Bueno, moça guapa que deseja se divertir, enquanto ele permanece obrigatoriamente no quartel cumprindo seus deveres de soldado.
Sentindo-se traído pela amada "Inácio vai pra cadeia e Maria pro cemitério".
E assim termina a história de amor " à Maria Bueno da Conceição Bueno
pela glória do seu martírio
já se erguem cruzes no país inteiro".

O livro é delicioso de ler. Contos curtos e poemas mostram a grandeza de escrever de Dalton que prende o leitor em suas personagens, mas após a leitura  é preciso saborear essas personagens e repectivas histórias - tão próximas de nós - " A mulher, separada, com dois filhos, recolhe na casa o novo amante"(O hóspede). " A moça feinha, junta com sacrifício o dinheiro de operar o nariz(O nariz, poema).
Leia!

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