quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quem conta um conto, ganha um ponto



"O MITO É O NADA QUE É TUDO".
Fernando Pessoa - Mensagem

Meus alunos que moram e arrebentam meu coração!!!

Ler é demais! Por isso hoje à noite, fiz minhas leituras pela internet.
Que mundão maravilhoso a rede nos apresenta.
Na sala de aula estamos aprendendo a descobrir a magia da leitura e da escrita.
Então no EducaRede.org.br li as sugestões abaixo e transcrevo-as para vocês se deliciarem.
Tem até resumo, mas, certamente, ler os autores na obra completa,
você vai se apaixonar doidamente.
E o vídeoclip de A Cartomante, bárbaro! Faça uma busca por ele na rede.
Aliás, sou apaixonada por Machado. A Cartomante, Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas são minhas leituras preferidas.

Mas, leiam os resumos da EducaRede.

Ivan Ângelo nos conta a comovente história “Negócio de Menino e Menina”, narrada com uma lógica, nem sempre compreensível pelos adultos, mostrando a acirrada disputa entre um poderoso fazendeiro e um menino pobre e decidido a não vender um passarinho.

Carlos Drummond de Andrade, em “O Torcedor”, demonstra profunda intimidade com as palavras e grande conhecimento da alma humana ao narrar a história de Eváglio, um torcedor do clube de futebol Atlético Mineiro em um jogo de decisão de campeonato. Na saída da casa do amigo, onde assistira ao jogo, ele pega um ônibus lotado da torcida do Flamengo, time vencedor, e se contamina pelo entusiasmo dos flamenguistas. Em poucas palavras, o autor consegue mostrar os diversos sentimentos que o homem experimenta, que vão do medo à simpatia, da insegurança ao alívio.

Em ”Biruta”, de Lygia Fagundes Telles, vamos conhecendo Alonso e seu cachorro Biruta e acompanhamos sua solidão, sua luta pela sobrevivência e para proteger o seu querido cão, companheiro e único amigo. É impossível não nos emocionarmos com esse retrato tão fiel da amizade, do amor do menino Alonso por Biruta e seu medo de se ver em sérias dificuldades pelas traquinagens do cão.

Marcos Rey nos fala de uma passagem na véspera de Natal, que nos faz refletir sobre a sociedade em que vivemos e o polêmico presente de um pai para seu filho no conto “Pega ladrão, Papai Noel”.

“A Marinheirinha” nos traz a pequena e esperta Tininha e seu pai em uma competição marítima. Pedro Bandeira narra com tamanha emoção a saga da menina durante a competição, que nos vemos a seu lado, torcendo e vibrando para que tudo dê certo.

Fernando Sabino trata, em “Passeio”, de um assunto delicado, principalmente para adultos: o momento de comunicar à criança que os pais vão se separar. Narrado sob a ótica de uma menina ingênua, Sabino nos mostra como os adultos complicam demais as coisas. Na verdade, existem situações dolorosas , mas que fazem parte da vida.

Machado de Assis trabalha, em “Um Apólogo”, a discussão entre a agulha e a linha para saber quem das duas é a mais importante. Esse tema aparentemente pueril nos revela uma vigorosa crítica ao comportamento humano.

“Boa de Garfo”, de Luiz Vilela, apresenta um personagem astuto: um homenzinho aparentemente ingênuo que, junto com sua cadela, consegue se dar bem diante de um fazendeiro.

Wander Pirolli mostra, em “Festa”, como uma refeição humilde pode se tornar um evento especial para aqueles que pouco têm.


Só um pouquinho de Machado de Assis

A Cartomante

|Machado de Assis|

O conto sem final feliz foi publicado por Machado de Assis em 1896 em Várias Histórias. O livro é representativo da segunda fase do escritor, que abandonou o Romantismo para inaugurar o Realismo.

Os textos da segunda fase de Machado de Assis se caracterizam pela introspecção, pelo humor e pelo pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. A Cartomante é exemplo disso. Na trama, Rita, Camilo e Vilela se envolvem num triângulo amoroso trágico. Traição, adultério e paixão permeiam a narrativa.

O conto de Machado de Assis começa com uma menção a Hamlet, de Shakespeare. A famosa frase “há mais cousas no céu e na terra do que sonha nossa filosofia” abre a obra. A personagem Rita, em outras palavras, diz o mesmo. Frente a isso, que tal propor aos alunos a seguinte discussão: porque Machado de Assis teria escolhido a célebre frase de Shakespeare para iniciar a obra? Qual o sentido desse pensamento, no contexto do conto?
Vamos pensar!!!

Dom Casmurro - Publicado pela primeira vez no último ano do século XIX, Dom Casmurro é uma ilustração sob medida para o famoso verso de Fernando Pessoa, em “Mensagem”: “o mito é o nada que é tudo”.

BIOGRAFIA
Machado de Assis

“Joaquim Maria (Machado de Assis) era menino de subúrbio e a vida intelectual do subúrbio era muito diferente da vida intelectual da Corte. Era essa última que atraía Machado de Assis.” (Carlos Faraco)

Mulato, pobre, nascido no subúrbio carioca, Machado de Assis (1939-1908) é uma figura curiosa de nossa literatura. Filho de pai negro e mãe portuguesa, teve uma infância difícil. Desde cedo, o menino vislumbrou o outro lado da sociedade burguesa brasileira, pelas mãos da madrinha, senhora abastada que lhe proporcionava um contato indireto com o outro lado.

Esses aspectos de sua infância ajudam a entender parte de sua obra que, em muitos momentos, tematiza as diferenças sociais e revela uma certa rejeição pela pobreza. Aliás, esse elemento pode ser observado em "Memórias Póstumas", por exemplo, na relação que Brás Cubas estabelece com Marcela, com Dona Plácida e com Quincas Borba.

Pouco se sabe a respeito da formação escolar do menino Machado de Assis, e há suspeitas de que ele não tenha sequer concluído a formação elementar. Apesar disso, a leitura foi desde o início uma de suas grandes paixões. Daí, provavelmente, a erudição presente em sua obra. Sabe-se também que desde o primeiro emprego suas atividades profissionais estiveram, de alguma forma, relacionadas a publicações: foi aprendiz de tipografia, revisor, balconista de livraria e bibliotecário. Mesmo depois de obter um emprego definitivo no Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas, viveu modestamente de sua produção literária e da tradução de livros de autores estrangeiros.

Autor de muitas obras, Machado escreveu romances, poemas, crônicas, contos, peça de teatro, crítica literária e teatral. "Memórias Póstumas" inicia uma nova fase de sua obra, marcada pela não linearidade da narrativa e pela ênfase dada à caracterização dos personagens, explicitada principalmente pela análise minuciosa e profunda de comportamentos e atitudes. Além disso, nessa obra, estão presentes alguns dos temas caros ao autor: a loucura, o adultério, a alma feminina, entre outros.

Machado revela-se um grande crítico da sociedade brasileira do século XIX, ainda marcada pela escravidão, pela decadência da Monarquia e pela aproximação da República.

Texto original: Neide Aparecida de Almeida
Revisão: Equipe EducaRede





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