segunda-feira, 10 de março de 2014

Avaliação Escolar: um tema polêmico

Professora: Lúcia Clair Flach Pasquali
Pedagoga
Colégio Estadual de Marmeleiro-Ensino Fundamental e Médio

A avaliação escolar tem sido utilizada desde o seu surgimento no século xx como exame, nomeada posteriormente como teste, com o intuito de classificar e gerar descrições dos alunos de acordo com a sua capacidade e/ou dificuldade de aprendizagem. Para FACCI, EIDT e TULESKI (206, p.103), “os testes avaliam as capacidades das crianças como se elas fossem desvinculadas de uma realidade histórica e cultural”.
Os testes recebem críticas por não levarem em conta as interações sociais e as desigualdades sociais e culturais existentes. Assim, tornam-se falos na medida em que verificam, através de sua padronização, apenas o que o aluno aprendeu e não como o mesmo chegou a tal resultado e quais aspectos interferem direta e indiretamente nos processos de ensino e aprendizagem.
Para CAMPIONE(2002) os testes padronizados possuem dimensão estática, são elaborados a partir do pressuposto de que todas as crianças que são por ele avaliadas tiveram oportunidades iguais de aquisição dos conhecimentos avaliados em tais provas. Na medida em que tal pressuposto não é verdadeiro, quaisquer inferências derivadas desses testes são problemáticas e tendenciosas, pois nesse contexto, não informam o ensino, não oferecem diagnósticos necessários para a elaboração de programas educacionais que promovam a superação das dificuldades dos alunos.
É preciso reconhecer que a ideologia da igualdade fundamentada na teoria inatista, muito presente na sociedade capitalista, contribui para a exclusão das pessoas em todos os campos, inclusive no direito à educação de qualidade, ao pressupor os fatores hereditários como imutáveis. Esta concepção está muito presente no campo educacional e na organização do ensino escolar. Conforme FACCI, EIDIT & TULESKI, (2006, p.105).
(...) sem uma referência ou parâmetro que permita ao professor elaborar planos de trabalho eficazes, este se sente desori4ntado e, muitas vezes, desobrigado de um investimento pedagógico diferenciado, pois se os testes medem funções inatas, consideradas como imutáveis ou irreversíveis, não haveria mais condição para um trabalho.
Constata-se, portanto, que o uso de práticas e instrumentos avaliativos padronizados tem gerado questionamentos e críticas. Nesse sentido, a avaliação escolar tem se configurado nas escolas como uma prática de exclusão, classificação e controle, ao enfatizar a aplicação de provas e testes, os quais identificam apenas o conhecimento que o aluno já possui.
A avaliação, assim concebida, torna-se reducionista na medida em que atende a função quantitativa e autoritária como forma de aprovação ou reprovação do aluno, excluindo-o de procedimentos didáticos que possam reverter uma apropriação parcial ou inadequada de conteúdos.
Em consonância com o reconhecimento dos limites dos testes tradicionais, mas conscientes das contingências históricas que permeiam o trabalho pedagógico, buscou-se subsídios teóricos para fundamentar a organização de procedimentos avaliativos com o intuito de verificar os processos de ensino aprendizagem em turma do sexto ano do Ensino Fundamental.

Texto parte do Projeto PDE(Avaliação Dinâmica: Relato de uma Investigação no Ensino Fundamental).
Ano: 2011


            

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