quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O poder de saber usar as palavras

                    Crônica
Ao ler o artigo Escritor é o arquiteto das palavras, de Laudi Vedana, professor e jornalista da Rádio Elite FM de Pato Branco e a crônica O silêncio da cidade, de Ilmar Antônio Auth, escritor de Santo Antônio, cidade da qual tenho saudades, mas sempre me vêm à memória os tempos de 1967.
 Residentes na Av. Brasil(perto da ponte; última vez que estive lá o “predinho” ainda continua à beira da avenida), as altas camadas de poeira  afundavam nossos pés de adolescentes pobres. A casa e camas empesteavam-se de poeira, tanto que minha mãe tirava os lençóis para colocá-los somente à noite. Durante as chuvas, a poeira resultava num barro vermelho que nos causava sérios problemas quando íamos para o Colégio Antônio Schiebel, na 7ª série. Muitas vezes usávamos as botas do pai que era militar para enfrentar o barro que insistia em enlamear os pés.  Ainda bem que naquela época, os pais mandavam levar um calçado de reserva para evitar o vexame.
Boas lembranças me afagam também a alma é de Pranchita, pois parte de minha infância e adolescência lá vivi, inclusive, o início da minha profissão de professora.
Mas, conforme afirma Laudi ” escrever é esculpir obras da montanha bruta das palavras que astuciosamente o autor escolhe para dar brilho, sentido e poder de sedução...”. Por isso, através das colocações iniciais quis seduzir você, leitor, com reminiscências.
Na verdade tudo na vida deve ter sedução. Muitas coisas em nossa existência e na profissão não dão certas porque não aprendemos a seduzir.
Não sabemos seduzir o amor que deve ser estendido em todas as atitudes que temos diariamente na família, no trabalho, ou às pessoas com as quais convivemos. Não sabemos seduzir a própria sedução que está dentro de cada um de nós, então, como entender de repente apenas uma das seduções que é a palavra, embora ela seja a maior das seduções atualmente e de todos os tempos?
As colocações do professor e jornalista sobre o que é um bom texto são deveras dignas de ser degustadas e principalmente todas elas deveriam ser lidas e discutidas em sala de aula com os alunos para que pudessem beber na sua essência a beleza e a simplicidade de suas metáforas sobre a escrita e a leitura porque ele se volta em parte do texto para o papel da escola no mundo dos livros e da escrita.
Já a crônica de Ilmar é pessoal e refere-se ao silêncio das pequenas cidades, mas não das palavras, pois é nelas que o escritor se embasa para expressar seus sentimentos e saudades adocicadas de poesia. São textos de jóia rara entre muitos que podemos ler nas páginas de literatura do JdeB.
Para nós que procuramos seduzir o leitor em poemas, crônicas e artigos, aprendemos escrever, escrevendo e lendo o que outros escrevem.
Esculpimos nosso texto antes de publicá-lo, embora saibamos que um bom texto nunca está pronto, mesmo assim, o degustamos quando o vemos nas páginas de jornal, livros, revistas ou sites. Depois voltamos para as críticas próprias de quem escreve. E um novo texto renasce. Essa é a essência da escrita, escrever. E como é bom ouvir “li o que você escreveu”.
                                   Abaporu, Tarsila do Amaral

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