“Nem
sempre é possível contar com um ambiente ideal em casa para dar continuidade ao
trabalho realizado na escola, mas é responsabilidade do educador ensinar mesmo
assim”, afirma Maria Eulina Pessoa de Carvalho, docente da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB). Nova Escola, nº 263, junho/julho 2013, p.36.
Nesse
sentido para que os pais possam colaborar precisam ser incluídos no planejamento
pedagógico da escola e possam entender as ações que ocorrem no Projeto Político-Pedagógico,
suas estratégias e o que se espera deles entre outras decisões próprias de cada
estabelecimento de ensino.
Recentes
pesquisas mostram que a maior preocupação dos professores em sala de aula é com
os alunos que apresentam baixo rendimento escolar porque vivem em ambientes
socioeconômicos vulneráveis. Em contrapartida, os mesmos professores reclamam
que os pais são omissos, apesar de todo esforço da escola, não colaboram para
auxiliar na disciplina, dever de casa, organização de horário de estudos, e
outras atividades que seria tarefa dos pais ou responsáveis. Os educadores
acreditam que o envolvimento da família na vida escolar dos educandos tem muita
influência no sucesso escolar dos alunos. Entretanto, as famílias presentes na
escola muitas delas não têm condição de desempenhar sua real função. Grande
parte são famílias cujos alunos “não têm família” na concepção que se entende
famílias presentes. Mas são alunos que a escola precisa dar conta e ensinar. Acrescentando-se
ainda que pais, responsáveis e a própria sociedade espera que a escola resolva
os problemas dos alunos desde o não querer aprender, as faltas, a disciplina, o
descaso com a escola, as agressões verbais e físicas, enfim, como é do conhecimento
dos educadores, diariamente; e a mesma sociedade só fica sabendo das
dificuldades enfrentadas quando os problemas sofridos no interior da escola
vazam e a mídia utiliza em seus programas para dar IBOPE.
Não se pode
negar que os professores e gestores têm dificuldade em lidar com
esses alunos “que possuem bagagem cultural familiar diferente da esperada pela
escola”, e que mesmo assim precisam aprender. Por isso, são vários os questionamentos
sobre o que impede a vontade desse aluno aprender. É a metodologia utilizada
pelo professor, os familiares que dão pouca atenção, a estrutura da escola, os
programas sociais, o desinteresse, a falta de objetivos...?
No meio a toda
essa discussão, estudos comprovam que os pais ou responsáveis por alunos das
camadas sociais mais pobres valorizam a escolarização dos filhos vendo nela o
sucesso dos filhos, inclusive, a própria criança. Basta ouvir as respostas do
“por que você estuda?” As respostas são: “para ter sucesso na vida, uma boa
profissão, ser feliz, me realizar...”. Porém, na sala de aula, o olhar dos
alunos pode ser diferente.
De
acordo com alguns alunos, quando se refere à indisciplina, os professores ficam
só falando na bagunça e não veem nada positivo na turma. É tanta reclamação que
acabam bagunçando mesmo para perturbar a aula porque não tem nada a perder. E
que a indisciplina é gerada porque professores não demonstram o menor carinho e
compreensão. Alguns confessam que não gostam de professores que falam mal e
reclamam o tempo todo, ou são “bonzinhos demais” e não exigem que aprendam.
Nesse
discurso pode-se observar que os alunos esperam que o professor os entenda em
suas atitudes que parecem “normais”, mas querem professores que dominem os
conteúdos, saibam ensinar e ao mesmo tempo sejam compreensivos com seus
problemas. Já o professor que necessita manter a disciplina e a aprendizagem na
sala, não vê tais atitudes adequadas ao contexto da aprendizagem e não tem
tempo para dar abertura e ouvir o que o aluno tem a dizer. E ainda falta-lhe o
conhecimento real da situação que se encontram os inúmeros alunos que fazem
parte de sua lista de registro de classe.
Nesse embate é
necessário primeiramente que professores e alunos discutam na sala de aula
sobre o papel do aluno e do professor. O diálogo é importante porque aprender e
ensinar faz parte do contexto da escola, apesar de todos os problemas
anteriormente citados. É preciso envolver todos os segmentos nessa discussão na
busca de soluções. Mas é imprescindível que todos queiram envolver-se na busca
dessas soluções.
Por outro lado, apesar dos conflitos, alunos e
pais admiram professores que não fiquem só falando das bagunças, mas que
dominem o conteúdo, isto é, saibam ensinar e ao mesmo tempo mostre-lhes o
desafio de aprender.
Assim
sendo, ser professor atualmente é um desafio constante, diário. É importante
entender psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem, história, sociologia e
filosofia e principalmente domine o conteúdo de sua disciplina. Compreenda que
a aprendizagem para ser eficiente depende do conhecimento e da sensibilidade de
ser professor, visto ter sido profissão escolhida para si. E que as transformações
na sociedade trouxe mudanças no comportamento dos alunos e das famílias, por
isso chegam à escola cada vez mais indisciplinados, só querem saber dos
direitos e não estão dispostos a cumprir regras, salvo exceções, aumentando as
responsabilidades que antigamente não era da escola, muito menos do professor.
Se a escola se
sente sozinha para lidar com as situações (que bem conhecemos) e a exigência de
uma educação de qualidade é necessária, só resta nos unirmos e buscarmos
soluções para o desinteresse dos alunos, a falta dos pais e outras questões emergentes.
Não custa nada dar abertura e ouvir alunos e responsáveis. Planejar ações,
evitar os embates. Entender que “a ausência dos responsáveis, não significa
necessariamente, desinteresse” e que os mesmos “não valorizam o conhecimento
porque em casa não sabem e não compreendem o que os alunos estão aprendendo”.
Enfim,
saber o porquê das ausências, da não aprendizagem, por que os responsáveis não
comparecem à escola, os problemas dos alunos, a indisciplina. Adequar
metodologias às diversas aprendizagens. Crer na própria capacidade de ensinar. Abrir
espaços para discussão e implementar ações é o primeiro passo para resolução
dos problemas(assim espero).
Nenhum comentário:
Postar um comentário