quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Todos juntos por uma educação melhor

 Artigo
Professora: Marina Niceia Cunha

            “Nem sempre é possível contar com um ambiente ideal em casa para dar continuidade ao trabalho realizado na escola, mas é responsabilidade do educador ensinar mesmo assim”, afirma Maria Eulina Pessoa de Carvalho, docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Nova Escola, nº 263, junho/julho 2013, p.36.
            Nesse sentido para que os pais possam colaborar precisam ser incluídos no planejamento pedagógico da escola e possam entender as ações que ocorrem no Projeto Político-Pedagógico, suas estratégias e o que se espera deles entre outras decisões próprias de cada estabelecimento de ensino.
            Recentes pesquisas mostram que a maior preocupação dos professores em sala de aula é com os alunos que apresentam baixo rendimento escolar porque vivem em ambientes socioeconômicos vulneráveis. Em contrapartida, os mesmos professores reclamam que os pais são omissos, apesar de todo esforço da escola, não colaboram para auxiliar na disciplina, dever de casa, organização de horário de estudos, e outras atividades que seria tarefa dos pais ou responsáveis. Os educadores acreditam que o envolvimento da família na vida escolar dos educandos tem muita influência no sucesso escolar dos alunos. Entretanto, as famílias presentes na escola muitas delas não têm condição de desempenhar sua real função. Grande parte são famílias cujos alunos “não têm família” na concepção que se entende famílias presentes. Mas são alunos que a escola precisa dar conta e ensinar. Acrescentando-se ainda que pais, responsáveis e a própria sociedade espera que a escola resolva os problemas dos alunos desde o não querer aprender, as faltas, a disciplina, o descaso com a escola, as agressões verbais e físicas, enfim, como é do conhecimento dos educadores, diariamente; e a mesma sociedade só fica sabendo das dificuldades enfrentadas quando os problemas sofridos no interior da escola vazam e a mídia utiliza em seus programas para dar IBOPE.
Não se pode negar que os professores e gestores têm dificuldade em lidar com esses alunos “que possuem bagagem cultural familiar diferente da esperada pela escola”, e que mesmo assim precisam aprender. Por isso, são vários os questionamentos sobre o que impede a vontade desse aluno aprender. É a metodologia utilizada pelo professor, os familiares que dão pouca atenção, a estrutura da escola, os programas sociais, o desinteresse, a falta de objetivos...?
No meio a toda essa discussão, estudos comprovam que os pais ou responsáveis por alunos das camadas sociais mais pobres valorizam a escolarização dos filhos vendo nela o sucesso dos filhos, inclusive, a própria criança. Basta ouvir as respostas do “por que você estuda?” As respostas são: “para ter sucesso na vida, uma boa profissão, ser feliz, me realizar...”. Porém, na sala de aula, o olhar dos alunos pode ser diferente.
            De acordo com alguns alunos, quando se refere à indisciplina, os professores ficam só falando na bagunça e não veem nada positivo na turma. É tanta reclamação que acabam bagunçando mesmo para perturbar a aula porque não tem nada a perder. E que a indisciplina é gerada porque professores não demonstram o menor carinho e compreensão. Alguns confessam que não gostam de professores que falam mal e reclamam o tempo todo, ou são “bonzinhos demais” e não exigem que aprendam.
            Nesse discurso pode-se observar que os alunos esperam que o professor os entenda em suas atitudes que parecem “normais”, mas querem professores que dominem os conteúdos, saibam ensinar e ao mesmo tempo sejam compreensivos com seus problemas. Já o professor que necessita manter a disciplina e a aprendizagem na sala, não vê tais atitudes adequadas ao contexto da aprendizagem e não tem tempo para dar abertura e ouvir o que o aluno tem a dizer. E ainda falta-lhe o conhecimento real da situação que se encontram os inúmeros alunos que fazem parte de sua lista de registro de classe.
Nesse embate é necessário primeiramente que professores e alunos discutam na sala de aula sobre o papel do aluno e do professor. O diálogo é importante porque aprender e ensinar faz parte do contexto da escola, apesar de todos os problemas anteriormente citados. É preciso envolver todos os segmentos nessa discussão na busca de soluções. Mas é imprescindível que todos queiram envolver-se na busca dessas soluções.
 Por outro lado, apesar dos conflitos, alunos e pais admiram professores que não fiquem só falando das bagunças, mas que dominem o conteúdo, isto é, saibam ensinar e ao mesmo tempo mostre-lhes o desafio de aprender.
            Assim sendo, ser professor atualmente é um desafio constante, diário. É importante entender psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem, história, sociologia e filosofia e principalmente domine o conteúdo de sua disciplina. Compreenda que a aprendizagem para ser eficiente depende do conhecimento e da sensibilidade de ser professor, visto ter sido profissão escolhida para si. E que as transformações na sociedade trouxe mudanças no comportamento dos alunos e das famílias, por isso chegam à escola cada vez mais indisciplinados, só querem saber dos direitos e não estão dispostos a cumprir regras, salvo exceções, aumentando as responsabilidades que antigamente não era da escola, muito menos do professor.
Se a escola se sente sozinha para lidar com as situações (que bem conhecemos) e a exigência de uma educação de qualidade é necessária, só resta nos unirmos e buscarmos soluções para o desinteresse dos alunos, a falta dos pais e outras questões emergentes. Não custa nada dar abertura e ouvir alunos e responsáveis. Planejar ações, evitar os embates. Entender que “a ausência dos responsáveis, não significa necessariamente, desinteresse” e que os mesmos “não valorizam o conhecimento porque em casa não sabem e não compreendem o que os alunos estão aprendendo”.
            Enfim, saber o porquê das ausências, da não aprendizagem, por que os responsáveis não comparecem à escola, os problemas dos alunos, a indisciplina. Adequar metodologias às diversas aprendizagens. Crer na própria capacidade de ensinar. Abrir espaços para discussão e implementar ações é o primeiro passo para resolução dos problemas(assim espero).


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